Irmãos e irmãs, Paz de Belém !
“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt. 2, 9-11).
Por que os Reis Magos deram esses presentes a uma criança “recém nascida”, o menino-Deus? O que uma criança poderia fazer e como usar esses presentes? Para que eles servem e o que significavam? Vejamos, “an passant”, a definição e uso de cada um dos objetos presenteados.
Ouro. Metal precioso, de grande valor, como todos nós sabemos. Os Hebreus usavam o ouro em muitos dos utensílios mais importantes usados no Tabernáculo e no Templo. Tradição, que herdamos, em vigor até os tempos atuais, em nossas igrejas e em peças mais significativas. Exalta a grandeza e divindade do Senhor.
Incenso. Resinas e especiarias de odor suaves, tiradas de árvores, e que, em geral são queimadas com outras substâncias para tornar a fumaça mais grossa e o cheiro mais suave. A fumaça do incenso, que sempre sobe para o céu, sugere naturalmente, aos homens a direção da prece a Deus. O Apocalipse fala de um anjo que oferece incenso a Deus com “as orações de todos os santos sobre o altar de ouro” (Apc 8,3).
Mirra. Substância aromática de forma líquida ou sólida, obtida da resina de um arbusto balsâmico da Arábia. Misturada com vinho, servia como um anódino para mitigar os sofrimentos, como a usaram com Cristo no Calvário (Mc. 15,23).
Com efeito, refletindo a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, percebemos que os presentes foram significativos e necessários, até a sua morte no calvário.
Neste sentido, também, de maneira semelhante, recebemos e vivemos estes presentes na nossa vida de franciscanos seculares.
O Primeiro presente, o ouro, está contido e é o nosso “Modo de Vida” que nos legou São Francisco, que é a nossa luz principal, o nosso ouro, que é a nossa REGRA, aprovada pela Igreja, que define o nosso CARISMA, a nossa SECULARIDADE.
A “índole secular caracteriza a espiritualidade e a vida apostólica dos franciscanos seculares”, vivendo no mundo e pertencendo a duas realidades: à Igreja e à sociedade. Neste sentido, podemos muito bem usar a bela figura que fez S. Francisco, no diálogo com a “Senhora Pobreza”, descrita no “Sacrum Comercium”: “O nosso Convento é o Mundo e a cela da alma, é o nosso corpo”.
O segundo presente é a vossa Vocação, o nosso “incenso”, como resposta-oferta ao chamado de Deus, que é a nossa maior graça, como escreveu Santa Clara em seu Testamento: “A maior de todas as graças que recebemos, e que cada dia recebemos de novo do Pai de toda misericórdia, é a nossa vocação que, quando maior e mais perfeita, mais a Ele é devida” (Test. Sta. Clara 1).
Devemos fazer essa oferta a Deus através de uma vida de família, no trabalho, no encontro com os homens, na presença e participação na vida social e no relacionamento fraterno com todas as criaturas. Ainda, através de uma vida de oração, que nos leva a Deus, como verdadeiros adoradores do Pai, ofereçamos as nossas vidas como incenso a Deus. Vivendo a nossa vocação, procurando ser perfeitos como o Pai do Céu é perfeito, nos tornamos um “Alter Cristus”, para a glória de Deus.
O terceiro presente que nós recebemos é a Fraternidade, a nossa “mirra”. São Francisco resgata o modo de vida dos primeiros cristãos e torna realidade a vida Evangélica. A Fraternidade para nós é, como dizia nosso saudoso Papa Pio XII, “uma verdadeira escola de santidade, de genuíno espírito franciscano”.
Como “escola”, vivida em sua integralidade e autenticidade, é a nossa “mirra” onde, como irmãos e irmãs da Penitência, aprendemos a viver em espírito de conversão permanente, as práticas penitenciais, como o jejum e a abstinência, aprendemos a sentir compaixão com os “leprosos” de hoje, a aliviar nossas dores, é onde aprendemos a ser solidários uns com os outros, onde, também, bebemos da “água viva” e nos alimentamos do “pão da vida”, para irmos pelo mundo.
Irmãos e irmãs, vivendo a nossa “epifania,” com os presentes que Deus nos deu: o nosso ouro=Regra, o nosso incenso=vocação e a nossa mirra=fraternidade, nos sentiremos encorajados a prosseguirmos a vocação franciscana.
Do irmão em Cristo, Francisco e Santa Clara,
Rosalvo G. Mota, OFS
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Notícias do Capítulo Geral - Novembro/2008
Por Rosalvo G. Mota
FRATERNIDADE SANTA CLARA – São PAULO
NOTÍCIAS DO CAPÍTULO GERAL 2008
O XIIº Capítulo Geral e Vº Eletivo da OFS se realizou de 15 a 22 de novembro, em Manreza, Dobogobő, Hungria, ocasião, também, em que a OFS concluiu o 2º ano de celebração do 8º centenário do nascimento de Santa Isabel.
No primeiro momento, se assim dividimos para uma melhor compreensão, tivemos a apresentação do Relatório da Presidência cessante (atividades desenvolvidas pela Presidência e pelas Comissões de Formação, Presença no mundo, Econômica, Jurídica e Comunicações, a Estatística, Jufra, Administrativas, correlatas com o Secretariado Geral, a compra da sede, etc.) que, depois, foram analisadas nas reuniões das Áreas Lingüísticas (Inglesa, Francesa, Espanhola, Italiana, Portuguesa e Alemã) e, em seguida, no Plenário, aprovado.
Um segundo momento foi o encerramento do 2º Ano de celebração dos 800 anos de nascimento de Santa Isabel, no dia 17, na Basílica de Esztergom, cuja celebração litúrgica foi presidida pelo Cardeal Laszlo Paskai, e tendo como co-celebrantes os Frades da Conferência dos Assistentes Gerais. A Missa foi em latim, muito solene, onde estavam presentes as Fraternidades de Budapeste e circunvizinhanças (A Hungria tem 40 Fraternidades locais, com 450 membros).
Naquele dia 17 de novembro de 2008 não foi somente a Europa, mas todos os povos da terra, reunidos para celebrar simultaneamente o 8º centenário do nascimento e o aniversário do “dies natalis”, da entrada na Vida, de Isabel.
Redescobrir e re-acolher Isabel e o seu papel de primeira fila é importante para o presente e para o futuro da OFS. Toda a Família, particularmente a OFS, desenvolveram muitos meios com esta finalidade, desde a Carta da CFF, “Nós acreditamos no Amor”, de 17 de novembro de 2006, passando pelo Congresso Internacional em Roma a 23 de fevereiro de 2007, até a reunião do Capítulo Geral Eletivo na Hungria, como expressão de reconhecimento a Isabel.
O que podemos ainda acrescentar a esse rico alimento que ainda não terminamos de assimilar?
Quem é Isabel para nós? Quem é ela para Jesus, para seu esposo Luís e para os seus filhos, para o seu povo, para Francisco e para a sua família da qual fazemos parte, para a Igreja, para o mundo? Em que é que somos chamados a segui-la?
Isabel nasceu na Hungria em 1207. Francisco tinha então 25 anos (1182-1226), Clara tinha 13 anos (aa94-1253), Antônio de Pádua tinha 12 anos (1195-1231), Inês de Praga tinha 2 anos (1205-1282), Luís de França nasceria 7 anos mais tarde (1214).
Não podemos deixar de mencionar aqui as origens a sua família! Isabel pertence à família dos Arpad, que deu tanto reis e santos ao povo dos Magyars: Santo Estevão, São Ladislau, Santo Emeric e, também, Santa Inês de Praga, Santa Margarida da Hungria, Santa Isabel de Portugal...
O seu pai, André II, descendente de Santo Estevão, tornou-se rei da Hungria em 1205. A sua mãe, Gertrudes, filha de Bertoldo IV, Duque de Merávia, era descendente de Carlos Magno e irmã de Santa Edvirge, rainha da Polônia.
Pelo lado da avó paterna, Inês de Châtillon, Isabel era princesa francesa.
Foi a primeira santa esposa e mãe canonizada e também a primeira santa franciscana.
Isabel é, juntamente com São Luis, Rei de França, padroeiros da OFS.
É no estado secular de esposos, de pais, de responsáveis na vida pública, que eles viveram o Evangelho de maneira simples, até a loucura do coração, transbordantes de amor e de serenidade, mesmo nas tribulações, na solidão, na morte. Seguiram a via de penitência proposta por Francisco: amor de Deus, amor do próximo, ódio ao pecado indo buscar forças na Eucaristia.
O exemplo dado por eles, o papel de protetores e a influência social são hoje mais necessárias que nunca.
É para nós e para as nossas fraternidades um desafio grande e urgente o de nos reempenharmos humildemente, com audácia, a viver o Evangelho, seguindo o exemplo de São Francisco, certos do apoio de Santa Isabel, principalmente nestas horas em que tudo fala de crise financeira, da crise econômica, da cultura de morte, da secularização (Existe um Projeto para fazer com que a Assembléia Geral da ONU inclua a interrupção da gravidez nos direitos universais do homem, no próximo dia 10 de dezembro, por ocasião do 60º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos).
No final foi exposta uma relíquia de Santa Isabel o distribuído o “Pão de Santa Isabel”. Eles, os Húngaros, têm uma devoção muito grande a Santa Isabel.
Um terceiro momento foi a apresentação do tema central, “A Profissão do Franciscano Secular e o nosso Senso de Pertença”, por Frei Felice Cangelosi, OFM Cap (Vigário Geral dos Capuchinhos) e Emanuela De Nunzio, ex-Ministra Geral da OFS, respectivamente.
Um quarto momento foi a eleição da nova Presidência, que foi renovada (#) em 5 de seus 10 membros, ou seja 50%:
Ministra: Encarnación del Pozo (Esp.)
Vice-Ministro: Doug Clorey (Canadá) #
Espanhola: Maria Consuelo Nuñez (vem.)
Inglesa I: Tibor Kauser (Hungria) #
Inglesa II: Lucy Almiranez (Filipinas)
Francesa: Michele Altemeyer (França) #
Italiana: Bendetto Lino (It.)
Portuguesa: Maria Aparecida Crepaldi (Brasil)
Alemã: Ewald Kreuzer (Áustria) #
Jufra: Ana Fruk (Croácia) #
Como ninguém é de ferro e não é justo que os capitulares não conheçam um pouco da Hungria, tivemos um dia de giro turístico na cidade de Budapeste.
A Jufra teve seus momentos de trabalho (6 Conselheiros Internacionais, entre os quais o Brasil), entre os quais, apresentou o Documento “A Passagem da Jufra a OFS”.
Por fim, os Capitulares definiram das prioridades para os próximos seis anos: Formação, Comunicação, Jufra, Presença no Mundo e Fraternidades Emergentes. A novidade foi a aprovação da Interpretação Prática do Art. 89.4, das CCGG, que permitem que o(a) franciscano secular possa ser Assistente Espiritual de uma Fraternidade da OFS. Indubitavelmente, penso que os Conselhos Nacionais encaminharão todos os Documentos trabalhados e aprovados pelo Capítulo.
Para quem quiser as fotos e tudo o mais, acessem o Site do CIOFS: www.ciofs.org .
Agradecendo a todos os irmãos e irmãs com quem convivi e muito aprendi, nestes seis anos como Vice-Minstro Geral, envio meu fraterno abraço, desejando um feliz Advento.
Rosalvo G. Mota, OFS
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