sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Espírito de Assis



  (Rosalvo Mota, OFS)

O que é o Espírito de Assis?

Em 27 de outubro de 1986, João Paulo II realizou um grande sonho: ele convidou os representantes das religiões do mundo a Assis, para que uma única canção de paz, provenientes de muitos corações e em muitas línguas, pudesse ser enviada ao Deus único. Este convite foi aceito por 70 representantes das principais religiões. Eles ofereceram a esperança de um mundo diferente: renovado, profundamente fraterno e verdadeiramente humano. O evento em si trouxe uma importante mensagem: que o desejo de paz é compartilhado por todas as pessoas de boa vontade.

Mas tendo em conta a situação do mundo e as relações entre os povos, a paz verdadeira só pode ser alcançada quando houver paz no coração de cada ser humano, quando cada um estiver em paz consigo mesmo e com o próximo, quando houver justiça igual para todos, quando não houver fome, quando houver moradia, saúde, trabalho e educação para todos.

Parece que o clima de fraternidade universal que paira sobre a cidade de São Francisco tocou os corações da pessoas, provenientes das mais diversas origens. Esta experiência foi nomeada como o Espírito de Assis. Desta maneira, o Papa decidiu promover esta iniciativa em nome de São Francisco, o homem que derruba barreiras, e que é irmão de todos.

Neste mês vamos comemorar o 25° aniversário do primeiro encontro do Espírito de Assis. Essa comemoração será realizada nos locais originais, na cidade de Assis. Uma mensagem de paz é tão necessária hoje quanto o era há 25 anos, juntamente com um compromisso concreto de construção da paz em nosso mundo. Como Bento XVI afirmou há cinco anos, o mundo mudou desde a primeira comemoração.

E nós, franciscanos seculares, o que faremos? A nossa Regra (19), nos exorta: Como portadores de paz e conscientes de que ela deve ser construída incessantemente, procurem os caminhos da unidade e dos entendimentos fraternos, mediante o diálogo, confiando na presença do germe divino que existe no homem e na força transformadora do amor e do perdão.

Primeiro afirma que devemos ser portadores de paz. Para sermos portadores de paz, primeiro devemos estar em paz consigo mesmo, para então, fazer a paz (facem + fien). A paz não está no lugar, a pessoa é que paz a paz. A paz tem que ser construída, edificada. Portador é aquele que leva a paz. Primeiro, eu faço, depois, eu levo.

Vejam alguns exemplos de s. Francisco, como portador de paz: Francisco e o lobo de Gúbio: um trato, um negócio,... a paz. Francisco e o Sultão: todos queriam vencê-lo, Francisco dialoga, faz a paz com o Sultão.

Dificuldades que nos impede de sermos portadores de paz. Primeira, o pecado (egoísmo, consumismo, mundanismo, ter cada vez mais, etc.). Segunda: a fragilidade humana. Prometemos melhorar, e caímos sempre. A paz é rompida. São Paulo: Faço o mal que não quero e deixo de fazer o bem que desejo. Terceira, os condicionamentos: a pessoa vive ao redor dela situações de conflitos, competição, a sociedade consumista, a estrutura social, etc.

Como construir a paz? Primeiro, a paz nasce do Cristo. Por que? Porque Ele veio para destruir o pecado: Eis o que tira o pecado do mundo. Nos liberta, nos reconcilia com Deus e os irmãos. O nosso Papa Francisco, em Assis, no dia 04 de Outubro, nos disse: Quem segue Jesus, recebe a verdadeira paz, aquela que só Ele , e não o mundo, pode nos dar. Aquele de Cristo, passada através do amor maior, aquela da Cruz. É a paz que Jesus Ressuscitado deu aos discípulos quando apareceu no meio deles (cf. Jo 20, 19-20).
Segundo: a Graça de Deus, nos dá forças para vencer a fragilidade humana. Terceiro, a unidade, a fraternidade. A vida em Fraternidade, nos dá novos parâmetros de vida, gera a partilha, o serviço, a doação.

Seremos fortalecidos se nos unirmos no Espírito de Assis e rezarmos, como nossas respectivas tradições religiosas nos ensinam, para que nos comprometamos com ações concretas que nos permitam enfrentar juntos as ameaças à paz e ao meio ambiente em nosso mundo de hoje.

O espírito de Francisco de Assis, perpassou através de todos os séculos e em todos os meios e classes sociais. Resta a nós, franciscanos seculares, com a nossa ação valorizada e recomendada pela Igreja, preparar este século (XXI), para que seja um século de paz e fraterno mais do que nunca, um século franciscano.

Seria maravilhoso se também das nossas Fraternidades se pudesse dizer, come das primeiras comunidades cristãs: Vejam como se amam!




  


Bibliografia:

- Frei Osvaldo Maffei, OFM (em artigo publicado pela Cúria Geral OFM).
- Temas de trabalhos do Autor (Rosalvo Mota, OFS).
- Citações do Papa Francisco, em Assis.