Neste mês de agosto em que celebramos a vida de Santa Clara, vamos olhar para Clara com outros olhos, vamos vê-la simplesmente como mulher. Uma mulher adiante do seu tempo.
Para quem pensa que a santidade é milagre estrondoso, nós dizemos que é milagre sim: não é estrondoso mas é muito grande, porque acontece no decorrer da vida. É no dia-a-dia, nos detalhes da existência humana que a experiência da santidade acontece.
E no dia-a-dia de mulher, Clara descobre e cultiva Deus em sua vida. Em Clara, entre suas virtudes humanas são especialmente louvadas o cuidado exemplar da casa e da família no serviço assíduo, nos trabalhos domésticos, a familiaridade, a cortesia, a afabilidade, a abertura à hospitalidade, o interesse pelos problemas culturais, civis e políticos e, enfim, a grande misericórdia para com os fracos e pobres de todo tipo, unida à discrição e senso prático, como convinha a quem tinha que ser, dentro e fora de casa, a “dona”, a senhora.
Entre os trabalhos domésticos têm lugar importante os artesanatos, como fiar e tecer, em que mais tarde Clara se revelaria mestra. A formação cultural exigia, por sua parte, que as jovens mulheres nobres aprendessem a ler e a escrever. Servia-se para isso do Saltério e dos escritos (canções, romances, histórias) da cultura cavalheiresca, popular, dos jograis e trovadores.
O que chama a atenção na personalidade de Clara é o seu temperamento forte, que a leva a lutar contra qualquer obstáculo que a impeça de percorrer o caminho que ela sabe que é o seu.
Clara, simplesmente mulher, é muito mais do que isto. Só queremos aqui trazê-la mais perto de cada uma de nós mulheres. E fazer uma proposta: num momento especial de oração vamos reunir todas as nossas virtudes, colocar na oração o que existe de melhor dentro de nós, lembrar as boas ações, juntar nossos sonhos, sentir que somos pessoas especiais, porque Deus olha para cada uma de nós de um jeito particular, com carinho... E, tal como Clara, lutar contra qualquer obstáculo que nos impeça de percorrer o caminho que sabemos que é nosso.
Escrevo no feminino porque o cantinho é da mulher. Mas esta experiência pode ser feita por qualquer pessoa na busca pela santidade.
Ana Maria Rodrigues Lima Ministra da OFS Valongo